Tremores: Grupo de Trabalho faz reunião para avaliar último tremor e definir próximos passos
Município estuda aluguel de equipamentos e empréstimo de sismógrafos para análises mais assertivas
Publicado em 29/07/2022 22:22
Reunião de emergência foi realizada online na noite desta sexta-feira, 29 de julho
Um novo tremor de terra foi sentido em Sete Lagoas por volta das 17h45 desta sexta-feira, 29 de julho. O Centro Sismológico da USP identificou a magnitude de 2.9 na escala Richter. Mesmo sem registros oficiais de danos materiais ou humanos, representantes do grupo de trabalho criado pelo Município para entender os tremores se reuniram em caráter de emergência no início da noite para avaliar a situação e definir os próximos passos.
Além dos membros da força tarefa Edmundo Diniz (secretário de Meio Ambiente), Sérgio Andrade (Defesa Civil Municipal) e Antônio Garcia Maciel (Secretário de Obras), também participaram da reunião virtual o Major Eduardo Lopes (Defesa Civil Estadual), o Sargento Luiz (19ª RISP) e o professor do Centro Sismológico da Universidade de São Paulo (USP), Marcelo Assumpção.
O Major Eduardo Lopes parabenizou os membros do grupo pelo seu "papel fundamental de evitar ruídos e fake news" ao se reunir numa sexta à noite. "Força tarefa é assim, tem que se reunir a tempo", lembrou. O Major destacou ainda que a Defesa Civil Estadual não recebeu nenhum chamado em relação a esse impacto. "É importante frisar que não houve mudança de cenário em relação ao grau de risco. São eventos de baixa magnitude, sem registro de danos", apontou. E questionou se a solução seria instalar mais estações sismográficas.
O professor Doutor em Geofísica Marcelo Assumpção (USP) lembrou que os estudos iniciados há cerca de dois meses continuam, mas que é fundamental a instalação de mais sismógrafos na cidade. "Os tremores hoje são registrados por estações que estão muito longe. A mais próxima fica em Diamantina, a 150km. A margem de erro pode variar de 5km a 10km. É necessário ter estações locais, que podem registrar melhor o epicentro, mesmo de baixa magnitude, para melhor compreensão do fenômeno", explicou.
O presidente da comissão, secretário Edmundo Diniz, ressaltou que o Município solicitou estudos junto às principais universidades do país com estações sismológicas, como a UnB (Brasília), USP (São Paulo), UFMG (Belo Horizonte) e Unimontes (Montes Claros). "A UFMG nos respondeu demonstrando interesse em uma parceria técnico-científica e se dispôs para fazer um orçamento para montar um centro de análise sismológica na cidade. O Município busca agora recursos necessários para viabilizar o projeto", anunciou.
Para o professor Marcelo Assumpção, uma alternativa seria o empréstimo provisório desses equipamentos, porém, nem sempre as instituições têm equipamento disponível para emprestar. "O que emprestamos a Sete Lagoas em junho nem era nosso, mas da Vale", lembrou. O professor, no entanto, fez questão de tranquilizar a população. "Em termos de emergência, nada muda, não há nada a ser feito pela população. Mas em termos de estudos sim, precisa-se instalar equipamentos para monitorar", apontou.
Ainda de acordo com o professor, na grande maioria dos casos os tremores vão diminuindo de intensidade, mas de vez em quando há novos surtos. "Isso não significa que a população precise ficar alarmada. Não há motivos para nenhum preparo especial", completou. Assumpção, então, deu como alternativa o aluguel de sismógrafos em empresas de engenharia. "A diferença é que um sismógrafo de universidade é mais sensível. O de engenharia é mais usado para detonações em obras, mas já permite ter uma noção do epicentro", disse.
Defesa Civil
O coordenador da Defesa Civil Municipal, comandante Andrade, alertou que as equipes do turno da noite estavam em campo, batendo na porta de alguns moradores para avaliar eventuais danos, mas que até o momento estava tudo tranquilo. "Continuamos levando as informações necessárias, tentando tranquilizar a população. As informações oficiais serão divulgadas à medida em que tivermos novos estudos", explicou.
Números preliminares da corporação apontam que mais de 30 bairros sentiram o tremor desta sexta-feira. A próxima reunião para definir o empréstimo dos equipamentos sismológicos ficou agendada para terça-feira, 2 de agosto. É importante frisar que a população não acredite e não compartilhe imagens de rachaduras ou danos sem confirmar que se trata de Sete Lagoas.
Por conta da frequência de ocorrências, a Defesa Civil de Minas Gerais solicitou um estudo da situação de tremores de terra em Sete Lagoas no fim de maio. À época, o Gabinete Militar do Governador, por meio da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), afirmou que "não há motivo para se preocupar", e que novas informações serão repassadas à medida que houver descobertas.
Outras cidades
De acordo com o Centro de Sismologia da USP, desde o início de maio houve ocorrência de abalos sísmicos em pelo menos 12 cidades mineiras. Além de Sete Lagoas, foram registradas ocorrências em Morada Nova de Minas, Funilândia, Ibirité, Felixlândia, Matozinhos, Carmo do Cajuru, Mesquita, Pompéu, Prudente de Morais, Ibituruna e Senador Cortes (confira em http://moho.iag.usp.br/eq/latest, filtrar por Brasil). A população também pode contribuir para os estudos indicando os bairros onde os tremores foram sentidos por meio do link http://www.sismo.iag.usp.br/eq/dyfi. Em caso de rachaduras ocasionadas pelo tremor, deve-se acionar a Defesa Civil pelo 153.
por Ascom